Por Alessandro A. Mazzola e Ricardo Schneider Junior
A doença de Parkinson é uma das mais comuns enfermidades neurodegenerativas, que atinge principalmente a população idosa. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), estima-se que 1% da população mundial com 65 anos ou mais seja afetada atualmente. Como a ressonância magnética, um dos grandes avanços tecnológicos na área da radiologia, pode ser uma importante aliada no diagnóstico da doença?
O que é a doença de Parkinson?
Definida como um distúrbio neurológico progressivo, caracterizado principalmente pela degeneração das células nervosas (neurônios) da substância negra (estrutura localizada no nosso mesencéfalo), cuja função é essencial para o processamento de informações neurais de cunho motor no nosso cérebro. Isto significa que surgem diversos sintomas que afetam, principalmente, a capacidade de movimento e equilíbrio. Além de lentidão, dificuldade de articulação e tremores, também podem haver alterações no olfato, sono e até ansiedade.
No desenvolvimento da doença, os pacientes apresentam principalmente uma neurodegeneração de sub-regiões da substância negra, como por exemplo, o nigrossoma-1. Esta região é conhecida também como “cauda da andorinha”. Sim, este nome foi dado em virtude desta pequena região cerebral possuir uma semelhança com a cauda deste pássaro! Esta estrutura possui a maior proporção de neurônios comumente afetados na doença de Parkinson.
A RM no auxílio do diagnóstico
Atualmente, várias pesquisas são desenvolvidas na tentativa de identificar e avaliar a cauda da andorinha (nigrossoma-1) como um marcador cerebral da doença de Parkinson utilizando ressonância magnética. Pesquisadores da Universidade Nottingham, no Reino Unido, publicaram um estudo recentemente sobre este assunto.
Neste artigo, foram investigadas a viabilidade da detecção e a avaliação de alterações na cauda da andorinha usando-se ressonância magnética (3T) em 114 pacientes. Foram comparados os achados de ressonância entre pacientes com doença de Parkinson e indivíduos saudáveis. Primeiramente, a cauda da andorinha foi passível de detecção. Abaixo, uma pequena comparação gráfica da cauda de uma andorinha com a imagem gerada por ressonância magnética na substância negra, usando a técnica de imagem ponderada na susceptibilidade (SWI) em pacientes saudáveis no estudo:
Aqui, o nigrossoma-1 está localizado no terço posterior da substância negra em formato linear, de 'vírgula' ou 'cunha' e é cercado por baixa intensidade de sinal em SWI anterior e lateralmente (pars compacta) e medialmente por baixo sinal no leminísco medial (fig. 1). O Nigrossoma-1 e suas estruturas circundantes possuem semelhança com a cauda de uma andorinha na imagem axial (HR-SWI).
Entretanto, quando comparadas estas imagens com as de indivíduos com a doença de Parkinson, a cauda da andorinha (nigrossoma-1) encontra-se ausente bilateralmente. Ou seja, a ressonância magnética foi capaz de detectar a perda tecidual ocorrida na região associada ao o desenvolvimento da patologia.
Como podemos observar, a avaliação da substância negra por ressonância magnética se mostra hoje uma útil ferramenta para o diagnóstico complementar da doença de Parkinson.
Outros tipos de avaliação, como a análise da espessura da pars compacta e o grau de hipointensidade de sinal no putâmen, também podem se constituir em dados úteis a serem analisados no diagnóstico por ressonância, inclusive a detecção da cauda da andorinha/nigrossoma-1 através de equipamentos de 3T seria um passo muito importante no que tange acessibilidade, por ser mais barata e amplamente disponível.
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