23/11/2018
Ajustar os parâmetros de resolução espacial das imagens de RM para estruturas pequenas é sempre um desafio, ainda mais se tratando de crianças recém nascidas.
A cabeça de uma criança, quanto às dimensões, se assemelha a uma laranja e usamos esse raciocínio para explicar as mudanças no campo de visão (FOV), matriz e espessura de corte que devem ser feitas a partir de um protocolo adulto para se obter ótima qualidade de imagem. As estruturas internas da laranja também nos permite observar mudanças de resolução espacial e correlacionar por imagem com a mudanças no protocolo. Ou seja, a laranja é uma boa simuladora (phantom) para RM.
O que fizemos?
Num treinamento prático dado aos tecnólogos de RM num hospital da serra gaúcha que possui um equipamento de 1,5T Avanto (Siemens) e equipado com uma bobina de crânio de 12 canais (Head Matrix, Siemens), levamos uma laranja de umbigo (comum aqui no sul) de diâmetro igual a cabeça de um recém nascido que dias antes havia feito exame na RM.
Posicionamos a laranja na bobina head matriz conforme mostra a figura abaixo e iniciamos as aquisições usando o protocolo de rotina de crânio.
Qual o nosso objetivo?
Queríamos ensinar e revisar com os tecnólogos da RM os parâmetros relacionados ao ajuste da resolução espacial para adaptar um protocolo para pacientes adultos em um recém nascido. Assim, de posse de um entendimento completo sobre a relação dos parâmetros diretamente ligados a resolução espacial e razão sinal ruído (RSR), realizamos algumas aquisições na laranja.
Resultado
As imagens abaixo mostram uma imagem na mesma posição usando os parâmetros descritos. Importante salientar que muitas vezes não se deseja uma resolução muito maior que a dos exames de adultos e que, muitas vezes, a resolução já está adequada ou até mesmo excelente no protocolo adulto.
A espessura de corte de 5 mm é tipicamente utilizada nos protocolos adultos para as imagens 2D (T1 SE ou TSE, T2 TSE, FLAIR, Difusão), porém, alguns radiologistas pedem que para os exames de recém nascidos essa espessura seja reduzida para 4 mm ou até 3mm.</p> <p class="p1">Importante destacar que uma mudança de 5 mm para 4 mm, reduz a RSR em 20% e, de 5 para 3 mm, a redução será de 40%.
Desta forma, mesmo que a resolução no plano ou dimensões do pixel seja mantida, precisaremos recuperar 20% de sinal no primeiro caso e 40% no segundo caso.
Um dos parâmetros que pode ser usado para recuperar 20% de sinal é a largura de banda e outro parâmetro, no caso da Siemens, é o phase oversampling. Reduzir a largura de banda, irá aumentar o TE mínimo e aumentar o TR (se este já estiver anteriormente bem ajustado), resultando em um tempo maior.
Já para recuperar 40% de sinal (bastante né?) precisamos, por exemplo, dobrar o NEX. A passagem de NEX 1 para 2 resultará em aproximadamente 40% do sinal, porém o dobro do tempo de aquisição.
Veja como é importante definir com os radiologistas a espessura de corte e campo de visão desejado e negociar aumentos de 3,0 para 3,5 mm ou até 4,0 mm para que a perda de sinal não seja alta. Assim como é possível aumentar um pouco o FOV e com isso não perder tanta resolução mais ter um ganho de 10 a 20% com um pequeno aumento.
Um detalhe, o número de cortes para cobrir uma mesma anatomia será menor se a espessura for maior. E atenção ao espaçamento entre cortes, pois não adianta ter cortes finos, mas mais espaçados que o recomendado.
Na imagem abaixo uma comparação direta entre a sequência original Axial TSE T2 padrão no protocolo de crânio adulto e a sequência final ajustada com FOV menor e espessura de corte de 3 mm. O tempo aumentou em 45 segundos para compensar a RSR (1:01 para 1:46).
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